O Escotismo sobrevive ao Preconceito

Atividades para Escoteiros, por Blog Escoteiro | | | 0 comentários »

Juliana Facchin - Veja a Reportagem completa

(29/06/2008) Escoteiro é aquela pessoa que só faz acampamentos, veste roupas cáqui com um lenço no pescoço e está sempre em alerta. Mais que isso. Num País onde a ética está passando a ficar em segundo plano, o movimento escoteiro sobrevive aos preconceitos e se preocupa em resgatar esses valores para formar jovens melhores para a sociedade.


        Com 101 anos de existência e 98 anos de Brasil, o movimento fundado por Baden-Powell tem o propósito de preparar os jovens para que eles assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter, ajudando-os a realizar suas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades.
        Esse movimento é tão forte que conta hoje com aproximadamente 28 milhões de adeptos voluntários. De acordo com o executivo regional da União dos Escoteiros do Brasil (UEB) em São Paulo, Paulo Silva Nhemetz, só no País existem hoje cerca de 60 mil escoteiros divididos em mil grupos, 17 mil deles apenas no Estado de São Paulo, totalizando 270 grupos.


“Notamos um leve crescimento nos últimos anos, mas nada tão considerável. Com uma folga econômica, percebemos que os pais passaram a investir mais na formação de seus filhos e não só na educação dada pelas escolas, mas também na formação cultural deles. E esse é um dos princípios do movimento escotista”, disse Nhemetz, escoteiro há 30 anos.


“Educação é mais que apenas as disciplinas escolares. É preciso investir na formação do caráter enquanto jovem. Às vezes, os pais acham mais prático matricular seus filhos numa aula de caratê do que investir num curso que ajudará na formação social de seus filhos”.

 

Meninas


        Além de permanecer forte após cem anos de existência, o movimento escoteiro carrega outras conquistas importantes para o desenvolvimento de todos os grupos. Ele que, na época de sua formação, só era para homens, passou a aceitar mulheres na sua composição. Antes disso, as próprias “excluídas” lançaram o grupo das bandeirantes só para o sexo feminino.
Mesmo depois de serem aceitas e dos grupos de escoteiros passarem a serem mistos, as bandeirantes ainda permanecem. “O movimento dos escoteiros está sempre se adaptando, por isso se chama movimento. Está aberto para mudanças e foi isso que aconteceu.
        Nos últimos dez, 20 anos, o grupo Dom Bosco, ao qual pertenço, passou a aceitar meninas na formação. Hoje, os grupos mistos são excelentes e as meninas não são consideradas como frágeis. Pelo contrário, elas participam de atividades de igual para igual com os meninos”, disse.
        A mistura de sexos resultou na escolha de uma mulher para o cargo de presidente de um grupo de escoteiros. Maria Celeste Rodrigues é a primeira a ocupar um posto dessa grandeza, pelo menos no distrito de Campinas.


        “Realmente, é uma grande vitória para nós mulheres e, principalmente, para o desenvolvimento do movimento escoteiro. Essa mistura de sexos contribuiu muito”, disse Maria Celeste, empossada como diretora presidente do grupo Dom Bosco no ano passado e que participa do movimento desde 2001.


        Ela também acredita que o movimento vem se superando a cada ano e prevê um leve crescimento de jovens em busca da filosofia escotista. “Nos três estados do Sul, o movimento é bem grande, mas aqui em São Paulo, infelizmente, não tem tanta força. Os números de adeptos oscilam, principalmente porque é um trabalho voluntário. Assim como muitos entram, muitos saem”, explicou.
Adultos 
        A maior dificuldade para os grupos hoje é encontrar adultos para participar do movimento.

        “Captar adultos interessados no movimento é nossa maior dificuldade e, dessa forma, não podemos fazer um trabalho de divulgação para chamar novos jovens para participar. Sem adultos preparados, não podemos montar novos grupos. Parte desse problema está na própria divulgação das nossas ações para a comunidade. Tem muita gente em Campinas que nem sabe que existem grupos aqui. Só nos reconhecem quando estamos uniformizados”, salientou Maria Celeste.


        Outro problema apontado por ela é o uniforme. Muitos adolescentes se recusam a entrar para o movimento por causa da roupa. “Com essa moda de hoje em dia, muitos se recusam e têm preconceito com o uniforme. Outras vezes ficam chateados por serem rotulados de certinhos. Eles não querem ser certinhos, querem ser pessoas normais”, disse.

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